Cultura organizacional e engajamento

Programas de bem-estar no trabalho e sua importância

Investir na saúde mental dos colaboradores ainda é considerado um desafio gigante nas empresas brasileiras. A falta de orçamento, experiência e tempo deixa o dia a dia muito mais cansativo e improdutivo. Por isso, implementar programas de bem-estar no trabalho é uma condição de extrema importância e urgência no âmbito profissional atual.

Todo funcionário quer trabalhar em uma organização na qual se sinta bem, acolhido e com um plano de carreira bem definido. O mercado anda cada vez mais competitivo e as empresas fazem o que podem para sobreviver. É nessas horas que elas precisam contar com o talento de seus funcionários e com bons níveis de rendimento.

Tudo isso precisa acontecer, preferencialmente, com baixos custos ou com investimentos que tragam um retorno efetivo. Mas como aumentar os níveis de produtividade e se destacar no mercado? A inserção de programas de bem estar pode ser a resposta.

Benefícios

Redução de doenças ocupacionais

As doenças ocupacionais são um grande problema atualmente, pois estão diretamente relacionadas a qualidade do ambiente de trabalho e geram o afastamento dos colaboradores por tempo indeterminado na empresa. LER, DORTS e DO são alguns exemplos dessas doenças.

Por isso, os programas de bem estar no trabalho entram como um fator que pode diminuir e até afastar tal realidade. Esses efeitos nocivos precisam ser abolidos da realidade dos colaboradores, que só querem encontrar qualidade de vida no emprego em que atuam.

Ao reduzir as doenças ocupacionais, de forma proporcional, diminui também o absenteísmo. Além disso, com um trabalho preventivo, o setor de RH consegue diminuir os custos extras que a empresa teria, como despesas com plano de saúde, faltas ao serviço e indenizações judiciais.

Aumento da produtividade

Um ambiente saudável e acolhedor pode transformar a relação do colaborador com a empresa, principalmente quando o colaborador deixa de considerar sua jornada como um fardo. Quando essa percepção muda, a qualidade da produção também muda. A produtividade se torna uma consequência de um ambiente favorável com um trabalho bem feito.

De acordo com o relatório Tendências Globais de Capital Humano de 2018 – A ascensão da empresa social, 61% dos entrevistados afirmam que programas de bem estar melhoram a produtividade e os resultados financeiros.

Retenção de talentos

Os gestores de RH sabem que as pessoas são peças fundamentais para o desenvolvimento positivo da empresa. No entanto, reter talentos e manter os bons colaboradores na instituição requer atenção e cuidado em vários aspectos, sendo o mais importantes deles, a saúde mental.

Assim, oferecer programas que fomentem a qualidade no ambiente de trabalho se torna algo fundamental para que a corporação continue dando bons frutos.

De acordo com o relatório Tendências Globais de Capital Humano de 2018 – A ascensão da empresa social, 43% das empresas acreditam que programas de bem-estar oferecidos ajudam a reforçar sua missão e visão, enquanto 60% acreditam que eles ajudam a reter funcionários.

Redução de turnover

A taxa de rotatividade de uma empresa indica, de forma precisa, se o local possui um ambiente de qualidade ou não para exercer uma jornada de trabalho diária. E ambiente de qualidade diz respeito a estrutura no local, relações de trabalho, reconhecimento…

Dessa forma, utilizar de programas que propagam o bem-estar geral na organização pode ser uma alternativa para a redução de turnover, já que o ambiente interno é favorecido e consequentemente os funcionários se sentem mais confortáveis.

 

 

Motivação e engajamento

Dentre tantos benefícios, os programas de bem-estar podem incentivar no aumento da motivação e do engajamento dos colaboradores. Posicioná-los como parte da solução, incentivar a participação nas atividades e criar uma rede de apoio é importante. Assim como utilizar a criatividade para criar ações que desenvolvam a vontade de implementar mudanças na vida pessoal e profissional dos funcionários.

Papel do RH nesse cenário

Enquanto a qualidade interna na organização estiver indo por água abaixo, a tendência das coisas é piorar. Por isso, o RH tem um papel de extrema importância: o de prevenir e o de remediar. Sendo assim, o setor precisa:

  • Ajudar os funcionários a identificarem riscos potenciais de saúde;
  • Educar os funcionários a respeito de riscos de saúde, como pressão sanguínea elevada, fumo, obesidade, dieta pobre e estresse;
  • Encorajar os funcionários a mudar seus estilos de vida por meio de exercícios, boa alimentação e monitoramento da saúde.

Além disso, é preciso aprofundar no dia a dia dos colaboradores de forma empática. Criar um plano estruturado, que tenha como meta cuidar da saúde e do bem-estar dos funcionários é essencial.

Não funciona realizar apenas pesquisas que os perguntem sobre riscos modificáveis — hábito de fumar, inatividade física, dieta inadequada ou altos níveis de estresse — e não fazer algo efetivo de curto, médio e longo prazo depois.

É bem comum que essas pesquisas sejam associadas a exames de pressão arterial, colesterol e glicose, que no final não fazem diferença nenhuma, já que todo esse material é deixado de lado dois meses depois.

Cabe ao RH também analisar se essas medidas têm sido positivas na instituição. Mas como? Por meio da avaliação de desempenho. Com as avaliações é possível acompanhar o antes e depois da performance dos colaboradores e, assim, identificar se os programas de bem-estar no trabalho foram efetivos ou não.

Vale lembrar a importância do feedback construtivo dentro desse processo, para que não haja discrepância entre os programas disponibilizados pela empresa e o que os funcionários realmente esperam. A troca de informações deve ser recorrente para que ambos os lados fiquem satisfeitos.

Programas de bem-estar no trabalho

Atividades relaxantes

Algumas atividades relaxantes podem ser feitas na própria empresa, tais como: exercícios de respiração, ginástica laboral – preparatória, compensatória, relaxamento ou corretiva, e quick massage, que serve para relaxar os músculos em apenas 15 minutos. Em outras palavras, essas atividades são simples, sem custos extras, e precisam estar inseridas na rotina dos colaboradores.

Incentivo a atividade física

Pesquisas e dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) indicam que 70% dos trabalhadores no país estão estressados e 90% da população mundial sofre desse mal.

Por isso, para o colaborador, receber incentivos da empresa para realizar atividades físicas, faz toda a diferença. A corporação pode fazer parcerias com instituições como academia, clubes e clínicas nutricionais com o intuito melhorar a performance física e mental dos funcionários.

Flexibilidade

Flexibilidade é um ponto muito importante quando falamos de bem-estar. Quando o RH está aberto para testes que visam melhorar o dia a dia dos funcionários, as empresas só tendem a ganhar. É por meio de tentativas que se descobre o que funciona melhor e o que mais se adequa à cultura organizacional da instituição.

Home office e diminuição da carga horária são dois exemplos que estão ganhando força no Brasil. Ao redor do mundo a máxima da vez é a jornada com apenas 4 dias por semana. A Microsoft mesmo testou esse modelo no Japão, em agosto de 2019, fechando os escritórios todas as sextas-feiras.

Esse comportamento gerou grandes resultados, as vendas subiram 40% quando comparado ao mesmo mês de 2018. Além disso, foi recomendado que as reuniões não durassem mais de 30 minutos ou fossem substituídas completamente por aplicativos de mensagem.

Essas medidas, que parecem ser assustadoras para quem as lê, beneficiam tanto a empresa, que aumentou sua produtividade e diminuiu seus custos, quanto os colaboradores que puderam ter mais uma dia de descanso para aproveitarem da forma que acharem melhor.

Psicólogos de apoio

Além da saúde física, a mental também precisa ser levada em consideração. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a síndrome de Burnout, caracterizada pelo esgotamento físico e mental no âmbito profissional, afeta cerca de 33 milhões de pessoas no Brasil.

Esse levantamento desperta uma preocupação na equipe de RH, já que essas pessoas acabam sendo afastadas de suas funções. Por isso, uma rede de apoio se torna tão fundamental nesse ambiente.

Psicólogos são profissionais preparados que saberão lidar com essas angústias como ninguém, ou seja, eles precisam estar na vida do colaborador mesmo depois de uma entrevista de emprego.

Liderança humanizada

Um bom líder é capaz de motivar a equipe, estimular o engajamento e criar um ambiente corporativo agradável para todos. Mas um líder humanizado consegue ter empatia pelos problemas físicos e emocionais de seus subordinados. Saber ouvir e prezar pela saúde deles é uma característica ímpar.

Quer aprender a desenvolver a liderança da sua organização? Então leia esse artigo aqui: Programa de desenvolvimento de líderes.

Conclusão

Uma relação que só oferece benefícios para ambos os lados precisa ser desenvolvida nas corporações. Por isso, apostar em programas de bem-estar no trabalho, pode melhorar o físico e emocional dos colaboradores assim como trazer vantagens que podem mudar a realidade já estabelecida na empresa.

Disponibilizamos abaixo um kit de feedback para ajudar você a implantar essa estratégia na organização e melhorar o bem-estar no trabalho.


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Elis Martins

Psicóloga pela Universidade de Brasília (UnB) com ênfase em Psicologia Organizacional e do Trabalho. Já atuou em mais de 200 empresas ao longo da sua carreira alinhando a transformação digital ao processo de desenvolvimento humano.

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