Conciliar família e trabalho nunca foi tarefa fácil, e é ainda mais difícil para aqueles que trabalham em regime home office com tantas distrações e afazeres em seu “ambiente de trabalho”. Como conseguir manter um cargo de renome, como por exemplo a gerência do setor de RH, ser bem sucedida e ainda cuidar dos filhos ou de tarefas domésticas? Bom, acontece que é necessário equilibrar as diferentes áreas da vida para manter a saúde física e mental e ainda elevar a performance em nossas atividades.
Quando não conseguimos conciliar família e trabalho, é bem provável que haja uma queda significativa na produtividade e na criatividade. E como profissionais de RH, sabemos bem compreender as pessoas e os processos de trabalho com uma visão sistêmica da organização, certo?! E por que não usar isso a nosso favor para nós mesmos? É preciso agir rapidamente para gerenciar a vida profissional mas também não deixar de lado a vida pessoal.
Quer saber na prática como entrar em um acordo com sua vida pessoal e profissional? Continue a leitura e tenha uma visão geral de todo esse contexto, e saiba como equilibrar as prioridades e gerenciar as relações.
Hoje em dia, ainda predomina o perfil de mulheres que têm dificuldade em conciliar a carreira, a maternidade e ainda afazeres domésticos. Logicamente existem exceções, mas tratando-se da maioria, podemos dizer que o dilema da vida moderna e das dificuldades de tempo para cuidar dos filhos e do trabalho vem de raízes históricas.
O papel familiar e doméstico ainda é predominantemente atribuído às mulheres, por questões culturais, e por esse motivo elas têm a tendência de sentirem maiores dificuldades em conciliar trabalho-família do que os homens, diz o estudo do Matias, Andrade e Fontaine (2011).
Historicamente, com a revolução industrial do século XVIII e o êxodo rural, à mulher é aferido outro papel na sociedade, a de trabalhadora assalariada, ainda que seus salários fossem muito inferiores ao dos homens para a realização do mesmo ofício.
Essa “concessão” do direito de trabalhar externamente, embora com valor de trabalho bastante reduzido, não poupou da mulher a função de cuidar dos afazeres domésticos, e desempenhar dupla jornada. Ou seja, sua conquista, por mais significativa que tenha sido, não a igualou aos homens. Pelo contrário, só iniciou uma grande conflito envolvendo a questão de gênero, que inclusive, perdura até hoje. Isso ocasionou posteriormente uma série de movimentos sociais, intitulados “feministas” que, até hoje, buscam igualdade de direito e de condições das mulheres na sociedade.
Felizmente, os princípios pelos quais o movimento feminista luta juntamente com o avanço da modernidade, proporcionou transformações consideráveis que foram necessárias para que a sociedade começasse a tratar a mulher sob um novo olhar. Mas, mesmo após as grandes conquistas da mulher e dos avanços tecnológicos, o papel da mulher ainda é associado por ranços de tradicionalismo, em que a mulher é vista como cuidadora da família e a responsável pelo zelo da casa.
O papel da mulher na contemporaneidade alia sua inserção no mercado de trabalho à sua função na família, gerando a dupla jornada da mulher, dentro e fora de casa, enquanto o homem só é responsável por “colocar comida na mesa”, função essa, que vem sendo desempenhada por cada vez mais mulheres.
É evidente, portanto, que existe um desafio atual de construir relações de maior equidade entre homens e mulheres no trabalho, nas famílias e demais grupos sociais. É necessário partir de uma revisão dos papéis de gênero presentes na sociedade atual, sobretudo considerando que as mulheres ganham mais espaço em cargos de gestão e que as organizações atuam cada vez mais em ambientes instáveis e competitivos.
Seja para homem ou mulher, o trabalho faz com que as pessoas se sintam úteis, motivadas e claro, traz o sustento. Mas nem por isso ele deve ser prioridade máxima na vida de uma pessoa. Afinal, dar conforto aos entes queridos é tão necessário quanto estar, de fato, presente na vida deles.
Além disso, estar ao lado de quem se ama é essencial para manter o equilíbrio emocional, encontrar apoio e, assim, ser mais feliz. A partir daí, torna-se claro a importância de conciliar essas duas áreas com bom senso e cautela.
Os gestores também têm um papel significativo nesse processo. Ao auxiliarem em seu desenvolvimento proporcionando um suporte social e pessoal, a tendência é que os colaboradores se sintam mais comprometidos, satisfeitos com sua atividade profissional e até mesmo alinhados com os objetivos da organização. Ou seja, cabe aos gestores, investirem em políticas e práticas de gestão de pessoas com enfoque nesses aspectos visando a diminuição do nível do conflito trabalho-família.
O ideal na verdade, é que as empresas assumam um papel sólido como facilitadoras desse processo,para que então seus colaboradores desfrutem de uma autonomia, criatividade e espontaneidade nas duas áreas. Já existem empresas que estão na dianteira, e reconhecem a importância de valorizar o convívio familiar de seus colaboradores e, por isso, tomam medidas concretas para propiciar essa conciliação, indo, até mesmo, além daquilo que a lei exige.
A licença-paternidade dos colaboradores do Google, por exemplo, é de quatro semanas, e a empresa ainda reembolsa os gastos dos funcionários com serviços domiciliares, como faxina, lavanderia, jardinagem e até alimentação, durante os primeiros três meses de vida do filho. Medidas como essa fazem com que o colaborador se torne aliado do negócio e propague uma imagem positiva dos produtos que a organização oferece, tornando-o mais satisfeito e valorizado, o que fará com que ele se dedique com mais afinco em suas tarefas.
Há pouco tempo, a pandemia do novo coronavírus apresentou à população uma situação de quarentena inédita no Brasil e, como medida preventiva, muitas empresas adotaram o home office. Nessa modalidade, talvez um dos maiores desafios seja o autogerenciamento, que se agrava ainda mais quando você está cercado pelas necessidades da sua família. Afinal, com o cancelamento das aulas e atividades extracurriculares, as crianças também passaram a ficar retidas no ambiente familiar.
Nesse caso, é importante equilibrar três pilares: planejamento, disciplina e diálogo, para que você foque nas atividades essenciais, e não perca a produtividade.
Primeiramente, converse com os moradores da casa e explique que ficará ausente, se há alguma possibilidade de transferir os afazeres da casa para outra pessoa, ou mesmo separar o horário de intervalo para tal. Logo depois, separe um cômodo silencioso com os itens essenciais para um bom trabalho, pedindo para que os familiares evitem barulhos desnecessários e outras atitudes que desrespeitem seu espaço.
É preciso criar também limites e rituais semelhantes à de uma rotina presencial, desenvolvendo, assim, um cronograma que separa a vida profissional da vida familiar. Por exemplo, esqueça a ideia de ficar pijama o dia inteiro, é importante lembrar que este é seu horário de trabalho. O ato de trocar de roupa indica ao seu cérebro que você não está em um momento de lazer e que precisa estar concentrado.
Dado os reais benefícios de uma vida pessoal e profissional equilibrada e buscando uma rotina cada vez mais saudável e positiva, existem práticas capazes de trazer uma maior harmonia entre trabalho e família, veja a seguir:
Antes de qualquer coisa, é essencial identificar se os seus principais objetivos atuais estão relacionados a se dedicar mais à família ou ao trabalho e, então, basear as suas escolhas nisso.
Não existe certo ou errado nessa decisão, mas é uma escolha que deve ser feita com cautela. Afinal, o equilíbrio começa quando identificamos o que é mais importante e, então, conseguimos conscientemente dizer “não” para outras atividades naquele período e passamos a administrar o tempo fundamentado naquilo que é essencial.
Não é porque você decidiu dar um pouco mais de atenção ao trabalho, seja por estar começando um novo negócio, buscando uma promoção, ou qualquer outro motivo, você automaticamente irá se descuidar dos seus familiares. O mesmo vale para aqueles que optaram pelo contrário.
Na verdade, o segredo está em manter uma rotina organizada, com horários rigorosamente definidos para trabalhar e também dar atenção aos entes queridos. Certamente, essa atitude irá ajudar a reduzir a sobrecarga de afazeres e tornar os seus dias mais produtivos.
Independente do que você escolher, é importante dedicar-se unicamente toda a nossa energia, atenção e concentração para produzir resultados excepcionais.
Dar atenção apenas a uma coisa de cada vez se tornou um desafio, principalmente por conta do celular, que permite que, praticamente, se esteja em dois lugares ao mesmo tempo através de e-mails, mensagens e ligações. Por isso, sempre que possível, mantenha o aparelho longe, para que produza cada momento em plenitude e impeça que uma área da sua vida seja invadida por outra. Claro, com exceção de casos de emergência, em que for realmente necessário se manter conectado.
É muito comum associar quantidade com qualidade, mas veja bem: não é necessário ser o último funcionário a sair da empresa para ser o mais competente, assim como não deve se culpar por não conseguir estar o dia todo ao lado daqueles que ama.
Não foque na quantidade de horas dedicadas ao trabalho ou à família como sendo essa a maior forma de desempenhar um bom trabalho, atente-se à qualidade, que é o mais importante. Em outras palavras, o mais importante é dar o seu melhor durante todo o expediente para ficar até mais tarde somente em ocasiões realmente necessárias. Do mesmo modo, quando estiver com os seus entes queridos, leve a orientação anterior a sério, vivendo cada momento satisfatoriamente.
Seja no trabalho ou na família, muitas vezes, você pode se sentir sobrecarregado. Uma alternativa, nesse caso, é conversar com o seu superior, e ver a possibilidade proporcionar uma maior flexibilidade, ou se for você o responsável por essa função, tente delegar tarefas aos colaboradores.
Da mesma forma, essa questão se aplica à vida pessoal, por isso evite querer abraçar o mundo todo de uma vez e compartilhe as obrigações domésticas e familiares com o seu cônjuge, seus irmãos ou outros familiares que puderem contribuir.
Conciliar o trabalho com o cuidado das famílias representa um desafio significativo, sobretudo para as mulheres em todo o mundo, em razão de um contexto histórico em que sempre encarregou às mulheres para os afazeres domésticos. Isso se torna ainda mais agravante com o regime de teletrabalho ou home office, que deixa profissionais vulneráveis a distrações envolvendo as tarefas familiares.
Lembre-se de que uma vida profissional saudável tem como consequência uma vida pessoal e familiar saudável, e vice-versa. Por isso, é importante gerir de forma equilibrada o tempo que dedica ao seu trabalho e à sua família.
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